A família afirma que a internação é para preservá-lo, uma vez que suas declarações na internet poderiam insultar os muçulmanos a agredi-lo
Um nigeriano de 29 anos foi
internado em uma instituição de saúde mental por sua família depois de dizer
que é ateu. Mubarak Bala não foi diagnosticado com nenhum problema psicológico,
mesmo assim está já quase duas semanas sendo medicado à força por “insanidade”.
De acordo com o
jornal “The Guardian” Bala é ex-muçulmano e seu caso gerou uma campanha virtual
exigindo sua libertação da clínica. Assim como o jovem, os ateus são minoria em
muitos países africanos e enfrentam diversas situações de perseguição.
Bala usa o perfil
“ExMuslim” (ex-muçulmano) no Twitter e seu perfil diz: “Engenheiro de processos
químicos. Defendo a Verdade & Justiça; A religião insulta a consciência
& razão humanas, mentindo que tenho outra vida. AteuAgnóstico.”
O jovem mora em
Kano, no norte da Nigéria, onde a maioria da população é muçulmana. Neste
estado a sharia foi implantada em 2000 e a força policial, a Hisbah, é
rigidamente islâmica.
A União
Internacional Humanista e Ética está defendendo o nigeriano, em contato com
Bala a organização ficou sabendo que assim que ele confessou aos seus
familiares que havia renunciado ao islã ele foi levado ao médico para saber se
ele estava com problemas mentais.
O médico afirmou
que ele estava saudável, mas a família o levou a um segundo especialista que
atestou que o ateísmo seria um efeito colateral de uma mudança de
personalidade. O jovem está internado no Hospital-Escola Aminu Kano desde 13 de
junho, e através de telefones levados para dentro do hospital às escondidas ele
pede ajuda por e-mail e tuítes.
Em um deles ele
escreveu: “A maior prova de minha doença mental foram grandes blasfêmias, a
negação da ‘história’ de Adão e apostasia, algo que o médico disse ser uma
mudança de personalidade, dizendo que todo mundo precisa de um Deus, que mesmo
no Japão existe um Deus. E meu irmão acrescentou que todos os ateus que ele
conhece tiveram doença mental em algum momento de suas vidas”.
Pelo Twitter Bala
comentou as agressões sofridas por seus familiares dizendo que seu pai o
segurou pelo pescoço e que seus tios lhe aplicaram golpes que deslocaram um
dedo e o braço. “Depois disso fui sedado por meu irmão”, relatou.
Família contrata
advogado e fala em doenças mentais
O advogado
Muhammad Bello Shehu, que defende a família, afirmou que o pai de Bala é um
líder islâmico e percebeu que as declarações do filho pela internet poderiam
colocar em risco a segurança da família.
O advogado
garante que a internação foi a melhor escolha do pai de Mubarak para preservar
sua segurança “devido ao modo como as pessoas encaram a religião” em Kano. “Ele
poderia ter sido linchado por fazer essas declarações”, disse Shehu.
Ainda segundo o representante legal da família, o jovem pode ter problemas mentais sim. “Os médicos são da opinião de que ele tem um problema psicológico, sim. Ele diz que não. A questão agora é chamarmos um analista psiquiátrico independe para avaliá-lo”.
Ainda segundo o representante legal da família, o jovem pode ter problemas mentais sim. “Os médicos são da opinião de que ele tem um problema psicológico, sim. Ele diz que não. A questão agora é chamarmos um analista psiquiátrico independe para avaliá-lo”.
O Movimento
Humanista Nigeriano condena a decisão da família e um dos membros, Bamidele
Adeneye, afirma que todas as vezes que teve contato com Bala ele pareceu “muito
lúcido” e que estava prestes a ir estudar em Londres, na Inglaterra.
“Se você falar
com Mubarak, perceberá que não há nada de errado com ele. Basicamente, ele
disse à família que não acredita na história de Adão e Eva ou em Alá. A
Constituição afirma claramente que a pessoa tem o direito de ser religiosa ou
não religiosa. Isso é uma violação dos Direitos Humanos”, afirmou Adeneye.
Fonte: Gospel prime









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