O Ceará está com o mais baixo volume do ano nos reservatórios de água.
Segundo levantamento feito pelo O POVO com base em reportagens publicadas desde
o início do ano, os 28,2% registrados ontem pela Companhia de Gestão dos
Recursos Hídricos (Cogerh) são o pior índice desde janeiro. E a tendência é o
volume total só reduzir até o fim do ano por causa da falta de chuvas neste
semestre, conforme o chefe de gabinete da companhia, Berthyer Peixoto. Com
perdas para a evaporação e o consumo em todo o Estado, em menos de dois meses,
as perdas no sistema foram de 541 bilhões de litros de água.
A companhia faz simulações para decidir quais medidas serão tomadas para
garantir o abastecimento. “É através das simulações que se decide fazer ou não
adutora emergencial”, exemplifica. Conforme os estudos, diz Berthyer, é
possível que o volume em dezembro chegue a 20% ou menos. O foco do Estado deve
ser, assim, “acompanhar o quadro, se preparar e avaliar o pior cenário para
executar as medidas mais eficazes".
Açudes
No terceiro ano seguido de estiagem no Ceará, 105 dos 149 açudes
públicos estão com volumes inferiores a 30% da capacidade, o que corresponde a
70% dos reservatórios em situação crítica. Fora da quadra chuvosa, a tendência
é que os volumes sigam caindo. Historicamente, o segundo semestre é de pouca
nebulosidade no Ceará. A incidência dos raios solares faz com que o fenômeno da
evaporação leve parte da água dos reservatórios de volta à atmosfera. Para os
açudes do Ceará, isto significa que o volume de um açude diminui, em média,
2,20 metros do espelho d’água por ano, segundo Ricardo Adeodato, diretor de
Operações da Cogerh.
O fenômeno natural já leva parte do recurso hídrico independente do
consumo em cada açude. Quanto maior o espelho d’água, maior a perda. “O ideal
seria consumir o máximo do espelho d’água para diminuir o que se perde para a
evaporação. Mas o nosso Estado não tem segurança hídrica para isso. Não sabemos
como são as chuvas do ano seguinte”, explica Adeodato. Uma das esperanças é a
transposição do rio São Francisco, que deve reforçar o abastecimento do Estado
nas bacias do Jaguaribe e Metropolitana. O projeto do Governo Federal tem 62,4%
de execução e está previsto para ficar pronto em 2015.
Por enquanto, a situação é de instabilidade para o consumo. A maior
parte da água armazenada no Ceará vai para a agricultura. O consumo é
considerado alto. Como exemplo, o perímetro irrigado Tabuleiro de Russas recebe
2,2 mil litros por segundo. Mas atualmente, os perímetros de Curu-Paraipaba e
Pentecoste estão praticamente parados e recebem água apenas para manter o que
já foi plantado, conforme Ricardo Adeodato.
Fonte: Iguatu Diário
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